quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

À Crase

Estou há um tempo sem produzir textos para esse fenômeno de audiência que é esse maravilhoso blog, principalmente pela falta de criatividade, estimulada mais ainda pela falta de tempo (apesar de eu estar de férias, sem nem mesmo saber o que são férias!).
Mas eis que hoje, ao olhar uma daquelas propagandas coladas no vidro de trás de um ônibus, surgiu a inspiração. A frase “Promoção válida de segunda à sábado” serviu para acender a chama que há muito estava apagada. Resolvi, portanto, escrever sobre um dos sinais mais violentados da Língua Portuguesa: a Crase.
Raramente eu vejo por aí alguma frase na qual a Crase seja empregada corretamente. Quando ela não é necessária, está sempre lá, manchando a propaganda com a nódoa da incorreção ortográfica; quando ela deve ser empregada, é inexplicavelmente substituída pelo seu primo, o Acento Agudo. É incrível como maltratam essa pobre coitada, que só existe para facilitar a nossa vida...
A função da Crase é evitar que escrevamos “vou aa casa de Fulano”; simplesmente, devemos escrever “vou à casa de Fulano”. Se ao invés de “casa”, estivéssemos utilizando um substantivo masculino, com “apartamento”, escreveríamos “vamos ao apartamento de Fulano”. Note que nesse caso, não há escapatória, temos que colocar a preposição e o artigo ali, juntos e visíveis aos olhos de todos.
Certa vez, durante um evento que estava ocorrendo no meu colégio, a diretora mandou fazer uma placa anunciando que ele seria realizado de 12 à 23 de junho (!!!). A professora de Português, ao ver essa barbárie, foi falar com a diretora, para que esse grave erro fosse corrigido. Obviamente que para a maioria das pessoas desse mundo, acostumadas a fazer a Crase de gato e sapato, pouco importava se estava errado ou não. Mas como pode uma escola ostentar um cartaz em sua fachada com um erro grosseiro desses? Essa foi a primeira vez que prestei atenção a esse tipo de coisa, e a partir daí, nunca mais errei questões relacionadas à Crase (sem trocadilho) nas provas de Português. Em compensação, fui amaldiçoado com o poder de enxergar essas humilhações praticadas sobre a nossa pobre Crase que, repito, só existe para facilitar nossas vidas.
Para colocar fim a quaisquer dúvidas, aqui vão algumas dicas:
1) Se a palavra que vem a seguir da candidata à crase for de gênero masculino, NÃO use a Crase;
2) Se for feminino, substitua esta por uma palavra masculina e veja se você diria “a” ou “ao”. No primeiro caso, não há Crase, mas no segundo, sim.
Espero que de alguma forma tenha contribuído para o engrandecimento cultural de nossos seis leitores. Abraços a todos (todos, masculino, sem Crase no “a”).
RAFS

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